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Psicologia do desenvolvimento humano

Achei muito interessante esta explicação sobre a Psicologia do desenvolvimento, por isso, resolvi postar aqui no blog. A forma como o autor nos explica a definição de acordo com o teórico Jean Piaget é bem clara e objetiva e dá para começar a entender esta belíssima ciência.

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Miniaturas

Miniaturas

Como todos sabem, uma das minhas paixões são as miniaturas. No fds estarei fotografando algumas que fiz, além de estar postando o andamento da minha casa de bonecas que já está quase pronta. Além disso, estaremos discutindo sobre a História das Casas de Boneca e sua utilização educativa, ou seja, as crianças já aprendiam com elas!!

Nota
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O artigo que publico agora no blog foi um trabalho muito prazeroso realizado durante o Curso de Pedagogia, sob a orientação do querido professor JJ. É ele mesmo, agora, meu orientador de TCC, onde pretendo realizar um trabalho bastante abrangente sobre o brincar, a importância das brincadeiras e jogos e a relevância desse conhecimento para a formação dos educadores.

Terei imenso prazer em ir publicando a construção de meu TCC através das pesquisas, dos livros e artigos que irei lendo para que todos que se interessam pela Pedagogia, pela Psicologia e pela Psicopedagogia possam acompanhar.

Este artigo que publico agora no blog foi publicado no web artigos e espero que seja o primeiro de muitos que quero fazer. Espero poder compartilhar não somente este, mas vários outros textos relacionados com a Educação.

Espero também que todos gostem e possam aproveitar as informações que encontrarão neste blog. Abraços a todos!!

Nome: Rosane Bueno de Campos Molina 20/03/2013

Orientação: José João de Alencar

Instituição: Faculdade da Aldeia de Carapicuíba FALC

Curso Pedagogia

 

Trabalho reflexivo sobre o livro: Dib’s em busca de si mesmo – Virginia M. Axline

Tradução: Célia Soares Linhares – Círculo do Livro – 1973

 

Este trabalho tem como objetivo principal refletir sobre a leitura do livro Dib’s em busca de si mesmo, da autora Virginia M. Axline, publicado pelo Círculo do Livro no ano de 1973. Também pretendo construir uma discussão sobre o tema do livro e as aulas de Psicologia da Educação ministradas no primeiro e segundo semestre do ano de 2012 no curso de Pedagogia.

 

Ainda considerando que:

 

“Sem dúvida, essas atividades iniciais transbordavam uma riqueza de revelações. Hedda tinha, de fato, soberbas razões para ter fé em Dib’s. Na verdade, aquela criança estava não somente pronta paraemergir, mas já começando a longa aventura do desabrochar”. (Axline.1973)

 

Acreditando que qualquer tentativa de síntese da história desse livro não traria para o Professor de Psicologia da Educação nenhuma novidade, já que deve tê-lo estudado quase sempre no decorrer da sua carreira por trazer experiências tão notáveis para a Psicologia e a Psicanálise.

Sendo assim, tomei a liberdade de ao invés de fazer um resumo do livro já tão conhecido e desbravado, relatar neste trabalho minhas impressões a respeito do caso de Dib’s e associá-las aos conteúdos já estudados nestes dois semestres de curso.

A Dra Axline expõe a situação de Dib’s logo de inicio: uma criança que nenhum médico, especialista ou profissional da Educação consegue desvendar. Tentam darlhe um diagnóstico de retardamento mental, autismo, esquizofrenia, etc., mas na realidade não conseguem encontrar nenhuma lesão ou indício de deficiência física, apenas emocional.

Dib’s não interage com outras crianças ou adultos, é rebelde e agressivo e se mantém num mundo particular.

Apesar desse histórico desanimador, as professoras de Dib’s afirmam a Dra Axline que ele é uma criança diferente, que não acreditam que ele seja “deficiente”.

A psicóloga aceita então a missão de desvendar esse mistério analisando o caso da criança em sessões de Ludoterapia – é a psicoterapia adaptada para o tratamento infantil, através do qual a criança, brincando, projeta seu modo de ser, ajudando-a a expressar com maior facilidade os seus conflitos e dificuldades – na Instituição onde ela trabalha, o que é aceito pelos pais e pelos professores.

Começam então os relatos de “Miss A.”, como Dib’s a chama, sendo que ela o atende todas as quintas-feiras durante uma hora na Sala de Ludoterapia.

Lá, Dib’s vai se encontrar como pessoa, descobrir sua personalidade e se libertar dos traumas trazidos por ele desde o momento da concepção, pois, seus pais o rejeitam desde então por ser uma gravidez indesejada, num momento impróprio e que atrapalhará a carreira de ambos.

Depois de meses de terapia, um novo Dib’s renasce. Demonstra toda a força de seu caráter, o QI elevadíssimo e a descoberta do perdão.

A família então reescreve a sua história, agora com amor e compreensão, entendendo que Dib’s é uma criança maravilhosa, inteligente, carinhosa, com um nível intelectual altíssimo e com elevado grau de liderança.

Pois bem, a história de Dib’s me chegou no momento certo, onde eu realmente estou querendo estudar cada vez mais a Psicologia, apesar de um pouco assustadora pela extensão de seu conteúdo.

Comecei a associar o caso de Dib’s com alguns conteúdos estudados para tentar interpretar as teorias sobre um caso real.

Foi comentado nas nossas aulas que Freud explica que durante a construção da personalidade o indivíduo pode criar mecanismos de defesa e essa construção se inicia desde o momento da concepção. No caso de Dib’s, a rejeição do pai e da mãe fez com que ele criasse esses mecanismos de defesa se tornando introspectivo, agressivo, distante. Várias vezes na sessão de Ludoterapia, Dib’s alternava em demonstrar sua inteligência brilhante e quando, de repente, se aproximava de alguma referência emocional, ele se retraía e demonstrava atitudes de um bebê, sugava o bico da mamadeira ou simplesmente permanecia quieto, calado durante um longo tempo.

A Psicologia da Aprendizagem nos diz que o aprendizado da criança está voltado para o que ela vivencia na interação com a família, com o meio, com a sociedade. Aprende do social para o individual. Dib’s era privado dessa interação, até mesmo a mais íntima, com os próprios pais que não aceitavam seu modo de ser, e desconheciam que os sentimentos que eles passavam para o menino tinha um impacto destrutivo sobre o seu desenvolvimento emocional. A criança desde o nascimento, aprende observando tudo ao seu redor, o contato com os pais, as brincadeiras que vão se tornando desafios a serem superados, motivando o aprendizado que se dá pela curiosidade.

 

Como diz Paulo Freire:

 

 “…nossa aprendizagem é feita de rupturas” – que nada mais são que quebras que vão sendo transformadas em novos conceitos.

 

Mas para Dib’s não acontecia nada disso.

Na teoria de Piaget, vemos que o indivíduo busca sempre o equilíbrio, que seu conhecimento tem que ser construído a partir das experiências reais, o ambiente interfere nas assimilações da criança. Piaget nos mostra as fases do desenvolvimento e como esse amadurecimento gradativo é importante no desenvolvimento infantil.

Dib’s foi privado pela própria família de desenvolver seu aprendizado de forma natural. Seu pai o chamava de idiota. Isso vai traumatizar essa criança profundamente.

Vigotsky defende acima de tudo a interação social, que o desenvolvimento e a aprendizagem vão se dar porque a criança terá contato com o concreto, vai depender de estímulos para aprender. Através dessa interação e desses estímulos, o amadurecimento se dará naturalmente.

Wallon mostra que tanto a parte biológica como a interação fará parte do desenvolvimento da criança mas vai complementar citando a importância das emoções, a necessidade que a afetividade tem para a construção emocional do indivíduo.

No caso de Dib’s que afetividade ele conheceu? Somente o desprezo e a rejeição dos pais. Construiu um mundo particular onde ele deveria repelir qualquer contato com as pessoas para não sofrer mais. Ele tinha tudo (financeiramente) e ao mesmo tempo não tinha nada.

Tinha um quarto cheio dos melhores brinquedos que existia, mas não valorizava, não encontrava sentido porque não tinha como compartilhar tudo que ele descobria ali.

Quando Wallon cita as etapas do desenvolvimento, me chamou a atenção a fase Sensório Motor Projetivo, onde vai aparecer a linguagem demonstrando a afetividade da criança com relação às pessoas e aos objetos. Na fase seguinte, do Personalismo, a criança tem mais interesse por outras pessoas e animais, mais curiosidade.

Como Dib’s poderia demonstrar sua afetividade com relação aos pais? Ele conseguia demonstrar isso quando estava com a avó que o entendia e com seu amigo Jake, o jardineiro, que de certa forma valorizava o carinho que o menino tinha pelas árvores, pelos pássaros, pela natureza.

A criança não pode ser julgada, ser vítima de preconceitos, de rejeições e desprezo. A família de Dib’s era uma família nuclear, mas desconhecia a importância do amor, da compreensão, da afetividade. Lacan menciona a importância da mãe no desenvolvimento da criança. Ela representa um elemento de ligação entre o indivíduo e o mundo externo na construção de sua personalidade. Mas a mãe de Dib’s tinha medo de lidar com ele, sentia culpa por não conseguir se relacionar com o próprio filho e não conseguia assumir que o verdadeiro problema estava na forma como ela (mãe) e o marido tratavam-no.

O resultado foi Dib’s – a criança tida como deficiente, que só não sabia como libertar-se do sofrimento e dos traumas que seus pais lhe causaram.

Quando Dib’s inicia a Ludoterapia, a Dra Axline não interfere de forma nenhuma nas suas reações, demonstra respeito e dá importância às atitudes dele. Percebe que ele tem um rico vocabulário apesar de não usá-lo, e que consegue perceber, definir e solucionar problemas. A psicóloga percebia que o nível de suas habilidades estava muito acima da sua idade cronológica.

Com o tempo, foi descobrindo a verdadeira história de Dib’s através de muitas atitudes dele próprio, como por exemplo, a demonstração de raiva e mágoa que tinha pelo pai, enterrando na areia o “boneco pai” ou o prendendo em prisões que ele criava e fazia questão de trancar. Não gostava de portas trancadas, de falar sobre os pais ou da irmã, e sentia uma enorme satisfação em citar a figura da avó que o amava e o aceitava. Com isso “Miss A” avaliava o significado dos símbolos de suas brincadeiras, onde representava situações da sua vida real.

Dra Axline vai desvendando toda a tragédia familiar e construindo um diagnóstico para o problema de Dib’s: ele vivenciava um conflito de ter a pressão dos pais em quererem um “filho normal” (sentiam vergonha dele, escondiam ele das pessoas conhecidas) e por outro lado ele buscava sua afirmação pessoal, que em minha opinião era aprender a ter confiança em si mesmo. Era uma criança que não

apresentava deficiência mental, nem psicose, nem lesão cerebral, e sim uma criança rejeitada e emocionalmente carente.

Mais tarde, quando Dib’s já está praticamente “curado”, numa conversa com a sua mãe, Dra Axline descobre como ele havia aprendido tanto: a ler, a interpretar, a usar as palavras de modo tão avançado, a contar, enfim, todo aquele conhecimento que ele demonstrava. Sua mãe, mesmo sem saber se ele retinha alguma coisa, ficava longas horas lendo para ele e explicando como tudo acontecia. Dib’s aprendeu tudo pela observação. “Mas o comportamento anormal que ela havia impelido ao filho havia-o afastado da própria família, das outras crianças e dos adultos que encontrava na escola. Quando uma criança é forçada a provar para si mesma que tem capacidade, os resultados são frequentemente desastrosos. Uma criança necessita de amor, aceitação e compreensão. Ela é destruída quando confrontada com rejeição, dúvidas e infindáveis testes”.

Vemos assim que apesar da situação terrível pela qual Dib’s passava, ele permanecia sempre aprendendo, mesmo na fase em que se mantinha isolado, só e triste em seu mundo.

Fiz uma pesquisa sobre a Ludoterapia e descobri lojas que vendem os materiais que pude observar ao longo da história do livro. Os bonecos que representam a família, os animais, a vida no seu cotidiano. Os testes que são realizados, brinquedos em miniatura demonstrando a realidade. As atividades lúdicas dão a sensação de liberdade à criança, livres de pressão que a ajudam a aprender brincando, lidar com os seus problemas e superá-los. O brincar é a linguagem que as crianças usam para se manifestar, descobrir o mundo, aprender, se desenvolver e interagir.

A Ludoterapia vai ajudar a criança para que consiga uma melhor integração e adaptação social, tanto no âmbito da família como da sociedade em geral. Ao brincar, a criança de alguma forma “sabe” que está se expondo porque ali ela atua representando as situações que a aflige. A maioria das crianças adere facilmente à Ludoterapia e adquire, em relação ao terapeuta, confiança suficiente para se expor, brincando livremente.

Foi o que aconteceu com Dib’s. Ao adquirir confiança total na Dra Axline ele expôs todo o seu sofrimento nas brincadeiras que criava, representando através dos bonecos, das pinturas, das brincadeiras e até do próprio silêncio toda a amargura guardada, permitindo que a psicóloga entrasse no problema e com muita paciência, conseguiu ajudá-lo na superação dos conflitos. A história termina com o relato de Dra Axline nos falando sobre os sucessos e vitórias de Dib’s mesmo depois de crescido.

Era considerado um aluno brilhante, muito sensível e com alto grau de liderança.

Adorei ler e vivenciar cada palavra da história de Dib’s, dos relatos de “Miss A”.

Talvez por se tratar de uma experiência real, talvez pela afinidade que tenho com a importância do brincar, talvez pelo amor que estou desenvolvendo pela Psicologia. O certo é que este trabalho não foi somente algo que realizei objetivando uma nota, um conceito estipulado pelo curso, mas uma experiência maravilhosa, produtiva, que me fez buscar pesquisas e textos para ler e aprender, e perceber que a área que estou disposta a entrar, a percorrer não é simplesmente uma “brincadeira de criança”. Antes, é uma porta a mais, um túnel de luz oferecido a muitas crianças que necessitam ser direcionadas para descobrir todo o brilhantismo, o gigante de força e as potencialidades que estão escondidas dentro de si. É a ajuda necessária para que muitas delas partam na busca delas próprias… …assim, como aconteceu com Dib’s.

E é isso que desejo fazer, talvez ser o caminho do reencontro dessas crianças!

Percebo esta necessidade quando na história:

 

“Dib’s havia chegado a um acordo consigo mesmo. Com sua simbólica representação fizera transbordar sua dor, seus sentimentos feridos, dela emergindo fortificado e seguro. Havia saído em busca de um eu que ele poderia reivindicar com orgulhosa identidade. Agora estava começando a elaborar um autoconceito que estava mais em harmonia com suas capacidades. Estava realizando sua integração pessoal.

Os sentimentos de hostilidade e vingança que expressara contra seu pai, mãe e irmã ainda chamejavam um pouco, mas não queimavam com ódio ou medo. Ele trocara o pequeno, imaturo, amedrontado Dib’s por um autoconceito fortalecido pelos sentimentos de capacidade, segurança e coragem. Aprendera a entender seus sentimentos, a enfrentá-los e controlá-los. Já não estava submerso em seus sentimentos de medo e raiva, ódio e culpa. Havia se tornado uma pessoa com todos os seus direitos.

Encontrara um senso de dignidade e respeito próprio. Com essa confiança e segurança estaria apto a aceitar e respeitar outras pessoas em seu mundo. Já não tinha medo de ser ele mesmo”. (Axline, 1973)

 

Os comentários de pesquisa que mencionei neste trabalho foram retirados de registros pessoais, realizados nas aulas de Psicologia da Educação dos dois primeiros semestres, no curso de Pedagogia na Faculdade da Aldeia de Carapicuíba, ministradas pelo professor José João de Alencar.

Como consideração final, sugiro a leitura deste livro para todos os cursos de formação de professores, e para os pais e familiares responsáveis por crianças e por adolescentes.

 

 

Referência Bibliográficas

 

AXLINE, M. Virginia. Dib´s em busca de si mesmo. Trad. Célia Soares Linhares. Circulo do livro, 1973.

 

BOCK, A. M. e outros. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

 

DAVIS, Claúdia & OLIVEIRA, Zilma. Psicologia na Educação. São Paulo: Cortez, 2003.

 

GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

 

VIGOTSKY, l.S. A formação social da mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Marins fontes, 2000.